O dado pode surpreender.
Mas o setor agropecuário é o grande motor da energia limpa no Brasil.
Segundo estudo do centro de estudos do agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o agro responde por 60% de toda a energia renovável usada no país.
Sem essa contribuição, a participação das fontes limpas na matriz brasileira cairia de 49% para cerca de 20%.
Ou seja: o Brasil só é referência em energia renovável porque o agro segura essa bandeira.
Agro: produtor e consumidor de energia
Além de produzir comida, o agro também gera 29% de toda a energia consumida no país.
Isso inclui:
- Etanol de cana-de-açúcar
- Biodiesel de soja
- Biogás feito com resíduos agropecuários
- Lenha de florestas plantadas
- E até a lixívia (resíduo da produção de papel)
Com essa diversidade de fontes, o campo se torna uma verdadeira usina de energia limpa.
E mais: sem depender tanto de recursos hídricos.
Uma história de evolução e eficiência
Nos anos 1970, a bioenergia vinha principalmente da lenha.
A virada veio com o Proálcool, programa criado para estimular o uso do etanol.
De lá pra cá, a produção energética do agro só cresceu.
Saiu de 6,5 milhões de TEP em 1970 para mais de 91 milhões em 2023.
Hoje, o Brasil registra uma eficiência energética superior à média mundial.
Enquanto o mundo consome 1,5 GJ para gerar mil dólares em PIB, o Brasil faz isso com apenas 1,2 GJ.
O ponto fraco: diesel ainda domina
Apesar dos avanços, 73% da energia usada diretamente no campo ainda vem do óleo diesel.
É o calcanhar de Aquiles da sustentabilidade no agro.
Mas há um movimento em curso.
O estudo da FGV cita iniciativas como:
- Tratores híbridos
- Veículos elétricos adaptados ao campo
- Uso de HVO (óleo vegetal hidrotratado)
E claro, a energia solar.
Que tem ganhado força em fazendas, usinas e pequenas propriedades.
Protagonista da transição energética
O agro não apenas alimenta o mundo.
Ele também oferece a base energética limpa para o crescimento sustentável do Brasil.
Com clima favorável, pouca necessidade de irrigação e alta produtividade, o país se consolida como líder em bioenergia entre as grandes potências agroindustriais.