O que é curtailment e por que afeta a energia renovável?

O que é curtailment e por que ele é um desafio para a energia renovável solar e eólica no Brasil.

Curtailment é um termo que vem ganhando destaque e causando dor de cabeça no setor de energia renovável.  

E se você gosta de acompanhar o crescimento da energia solar e eólica no Brasil, é essencial entender por que parte dessa geração limpa está sendo desperdiçada.

E esse desperdício tem se tornado um dos maiores obstáculos para o avanço sustentável da matriz elétrica nacional.

O que é curtailment?

Curtailment é a limitação ou o corte forçado da geração de energia, especialmente em usinas eólicas e solares, mesmo quando há todos os fatores para sua geração máxima.  

Essa limitação acontece porque o sistema elétrico não é capaz de absorver ou transmitir 100% de toda a energia produzida, seja por problemas de infraestrutura ou por excesso de oferta em relação à demanda.

Só em 2023, mais de 1.300 GWh deixaram de ser aproveitados por causa do curtailment, e esse volume era suficiente para abastecer cidades inteiras por semanas.  

Infelizmente, a tendência é que esse número aumente, caso soluções não sejam adotadas imediatamente.

Por que o curtailment acontece?

O curtailment ocorre principalmente por causa desses 3 motivos:

  1. Indisponibilidade externa

Falhas em linhas de transmissão, causadas por eventos como incêndios ou raios.

  1. Requisitos de confiabilidade elétrica

Quando a capacidade das linhas de transmissão de energia já está no limite.

  1. Razão energética

Quando a geração ultrapassa a demanda disponível no sistema, desequilibra o abastecimento.

No Brasil, é mais comum acontecer em regiões como o Nordeste, onde há grande concentração de parques renováveis e pouca infraestrutura para escoar a produção.

Além disso, há um descompasso entre o horário de geração e o de consumo. A energia solar, por exemplo, é gerada durante o dia, mas a demanda costuma ser maior à noite.

Quais são os impactos do curtailment?

O impacto mais direto é econômico: as usinas deixam de faturar com a energia não aproveitada. Estima-se que os prejuízos aos geradores ultrapassem R$ 1 bilhão.

Mas os efeitos mais preocupantes são:

Perda de competitividade regional, especialmente em estados como o Ceará.

Redução na atratividade para investidores, inclusive estrangeiros.

Pressão no custo da energia, já que o sistema pode precisar acionar termelétricas (mais caras e poluentes).

– Risco para a transição energética, dificultando a meta de uma matriz mais limpa e sustentável.

Como diminuir os efeitos do curtailment?

Expansão da rede de transmissão

Leilões estão sendo realizados para novas linhas, mas os projetos levam anos para entrar em operação.

Armazenamento de energia renovável

Baterias de grande escala e hidrogênio verde permitem guardar energia excedente para uso posterior. A ANEEL pretende regulamentar o setor em 2025.

PPAs privados com cláusulas de risco

Contratos bilaterais entre geradores e grandes consumidores, que compartilham riscos de corte na geração.

Incentivo ao consumo de energia elétrica

Estimular setores como mobilidade elétrica, produção de hidrogênio e data centers é essencial para absorver a oferta crescente.

O futuro do curtailment no Brasil

 

Mesmo com avanços em infraestrutura, o curtailment tende a continuar enquanto a oferta de energia renovável crescer mais do que a demanda.

 

Superar esse desafio exigirá planejamento, inovação e políticas que garantam o aproveitamento total da energia limpa gerada no país.

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